quarta-feira, 7 de agosto de 2013

PENSO... LOGO DEIXO DE ESCUTAR...

Escrevi esse texto para o jornal o informante de Timóteo! Publicado também no blog www.palpitandoocotidiano.com do jornalista e amigo Rodolfo Rodrigues.  




Preciso de um sucesso efêmero... É urgente. Preciso de uma porção de palavras rítmicas, que entre na cabeça feito o cheiro impregnante de algo perecível que passou da data... quase lixo. Preciso de algo tão efêmero, que me impeça de ter compromisso com isso por muito tempo. Quero apenas ganhar rios de dinheiro, e depois me livro disso.

Esse aí deve ser o processo de escolha de muitos produtores musicais para a contratação dessas coisas que chamam de música hoje em dia. Refrão fácil e nada a passar. Concordo que música e outras formas de arte têm também o papel do entretenimento, mas não quer dizer que não tenha o compromisso com algo além disso.

A indústria fonográfica no Brasil, com advento da internet, se deparou com uma crise criada por ela mesma. Primeiro, a música no Brasil é um produto caro. O CD físico de um grande artista torna-se inviável à grande massa. Um produto cultural de massa seria a salvação da lavoura para alavancar o rombo causado pelos downloads?

Não vou explanar sobre um universo que pouco conheço, prefiro contestar a qualidade do que se produz. Aí, não precisa ser expert para saber que o lixo cuspido no mercado pelas grandes corporações através de seus jabás infernais, não tem muito a ver com arte. Não que cultura seja uma exclusividade do lirismo, do sofisticado. Existem vários tipos de cultura,mas, o que temos hoje em dia não é nem cultura popular. Até no brega, existe qualidade quando se tem algum compromisso ao fazer.

Nos sons regionais de subúrbios e guetos, mesmo que a qualidade técnica não seja das melhores, o recado é passado. O respeito pelo que se acredita é evidente. Posso não ser fã, por exemplo, do Calipso, mas reconheço seu papel na cultura paraense. Tenho minhas objeções quanto ao Funk Carioca, mas é uma manifestação suburbana legítima (com algumas ressalvas).

Agora, dizer que tchu tcha tcha, Fiorinos, Dodge RAM, Tche tche, xa xa e outras coisas incompreensíveis são manifestações de algo, é forçar a barra demais na indústria jabazeira. Meu whisky não precisa de água de coco.

A música não precisa ser erudita o tempo todo, tampouco Luan Santânica. Aliás, esse aí não demora a ser esquecido. Nesse meio, só os bons sobrevivem; ou melhor se eternizam: vide Chitãozinho e Chororó, Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, dentre outros.

Meteoro de verdade é aquele que mesmo depois que sua carreira é interrompida, vende sua arte até hoje. É aquele que sem a mídia fungando no cangote, lota todos seus shows, ou então, aquele que depois de muitos anos, tem sua música transformada em filme, por exemplo.


Neste Faroeste Caboclo da indústria musical não sobrevive o fenômeno midiático. Só fica de pé mesmo, quem tem algo a dizer, além de um refrão fácil

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